quinta-feira, junho 08, 2006

Quadras soltas


Quem me vê dirá: não presta,
nem mesmo quando lhe fale,
porque ninguém traz na testa
o selo de quanto vale.

Não vás contar a ninguém
as histórias que não sabes;
nem assim entrarás bem
no lugar em que não cabes.

Deixam-me sempre confuso
as tuas palavras boas,
por não te ver fazer uso
dessa moral que apregoas.


São parvos, não rias deles,
deixa-os ser, que não são sós;
ás vezes rimos daqueles
que valem mais do que nós.

Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão, mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?

Inteligências há poucas.
Quase sempre as violências
nascem das cabeças ocas,
por medo às inteligências.

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Para triunfar depressa,
cala contigo o que veja
se finge que não te interessa
aquilo que mais desejas

Antonio Aleixo

6 comentários:

Ana Luar disse...

AQUI está um homem que gosto!!!... um homem simples com um versejar magnifico... adorei recordar Antonio Aleixo... "o guardador de cabras"...................
parece o tema de um filme.
Sempre gostei de o imaginar assim, pk eu adorava ir com o meu avô guardar os ditos bichinhos... quer dizer xaterarrrrrrrr os ditos bichinhos rsrsrs...

Lagoa_Azul disse...

Voei em meus pensamentos confidenciais para os pensamentos interiores do desconhecido...

Eis senão, maravilhada estou...António Aleixo, o meu poeta de eleição...

Consigo rele-lo até à exaustão, tantas décadas depois, são tão verdadeiras cada quadra que escreveu,

Grata pela visita e pela partilha de pensamentos...

Um beijo com carinho de noite serena.

Anónimo disse...

Olá!
Passei para ler as novidades e para te desejar um optimo fim de semana.
Beijito.

Anónimo disse...

Belas escolhas e eu não conhecia!
Tenho andado ausente dos blogs por varios motivos e agora voltei mas num novo blog. O perdida na tempestade vai deixar de existir devido a problemas tecnicos mas tranferi todos os artigos para um novo blog chamado ana scorpio. Espero que visites. Beijinhos

Anónimo disse...

AUSÊNCIA

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Boa semana
Bj***

Anónimo disse...

Quem bem que fica António Aleixo :))bjs