sábado, junho 23, 2018

Por montes





Por montes dantes por mim
Nunca navegados. Fui á descoberta
De caminhos e silêncios sem fim,
Buscando a nossa verdade incerta

E a cada pedra que pisava,
No desequilíbrio eu sabia
Que mais perto de mim eu estava
Mais forte e longe eu ia

No regresso, um pensamento,
Que no não pensar, eu sentia
Nem o medo, nem o lamento.
Só a paz em mim eu via

Depois de uma montanha arredondada
Uma outra maior eu queria e temia
Mas na minha primeira passada
de tudo me esquecia, tudo era poesia

Lá, não há longe nem distância
Tudo é um imenso universo
Somos um todo em consonância
Somos as quadras de um verso

Despiu-se




Despiu-se, na ausência de um poema
Que tarda, será que vem? Não sei.
Sente as palavras como um dilema
Existo! Quantas folhas já rasguei...

E a ponta da caneta que não chora
E o mar que vem e não chega,
E eu? Vontade de ir embora...
Mas fico, preso a esta alma cega

Eu me entendo, como a pedra do rio
Que não vai, fica, e se lapida
Com o passar da água, do tempo frio.
Fica mais lisa, preciosa, mais vivida

Nem a folha branca me atrai
Poeta aéreo, que pensa, pensa
Mas lá vem o dilema, e não sai
Ate para mim é um ofensa

E me desculpem este poema
Que a ferros foi rasgado
E o conteúdo, o mote, o tema?
Não sei, foi assim, tudo inventado




Há mais em mim, que não vejo
algo que me fala cá dentro
que no fundo é o que almejo
esse meu autêntico centro

Mas sou o que vejo e sinto
mente que não pára de comer
e me apego e me minto
ilusão que me veste sem saber

e depois quero-me novamente
salto, pulo, quero uma mão
que me faça ser presente
que me afaste deste não

E assim, saber ver-me a mim
como eu sinto que sou
ser o meu próprio jardim
onde ao estar sei que estou