sexta-feira, novembro 09, 2018

Este Rosto






Pode o meu rosto ocultar
Momentos deum  dia
Onde sinto não estar
O que o coração pedia

E tu, esse rosto que vejo
Será esse o verdadeiro
Ou antes, será o desejo
De ter sido o certeiro

Aquele que todos queremos
Mostrar por ser nosso
Mas depois sem sabermos
Inventamos um vosso

E esse nos deixa assim
Sempre à procura de alguém
Que nos dê alegria, mas no fim
Não somos nós nem ninguém

terça-feira, outubro 30, 2018

Momento a momento





De um momento para o outro
Nasce um outro momento
Que em  mim e não noutro
Passa rápido como o vento

Será o momento como o vento
Que passa assim apressado
Ou um tempo que invento
Num eterno momento adiado

Vou momento a momento
Inventando cada passo
Mesmo contra o vento,
Porque este tempo é escasso

Mas ao mesmo tempo vou
Descobrindo o que faço,
Que os passos que dou
São momentos que abraço

Lá virá aquele momento
Que me ajude na caminhada,
Me liberte do sentimento
E deixe a estrada iluminada

27/10/2018
Carlos D

quarta-feira, setembro 19, 2018

Astro


É tempo de te abraçar, sem mágoas
Sentir em meu corpo teu calor,
E devagar, me enroscar nas vagas
Para não sentir o teu ardor

E sei que meu mundo é teu também
Minha vida te pertence, e me sinto
Neste imenso deserto como ninguém
Onde tu e o mar são tela onde pinto

Crio sombras que meu coração dita
E as escondo sob a areia, sorrateiramente
Onde a onda ao passar, as leva até ao mar

E fico olhando-te lá no céu, e acredita
Que sinto frio quando estás ausente,
Mas ao acordar, sei onde te encontrar.

sábado, junho 23, 2018

Por montes





Por montes dantes por mim
Nunca navegados. Fui á descoberta
De caminhos e silêncios sem fim,
Buscando a nossa verdade incerta

E a cada pedra que pisava,
No desequilíbrio eu sabia
Que mais perto de mim eu estava
Mais forte e longe eu ia

No regresso, um pensamento,
Que no não pensar, eu sentia
Nem o medo, nem o lamento.
Só a paz em mim eu via

Depois de uma montanha arredondada
Uma outra maior eu queria e temia
Mas na minha primeira passada
de tudo me esquecia, tudo era poesia

Lá, não há longe nem distância
Tudo é um imenso universo
Somos um todo em consonância
Somos as quadras de um verso

Despiu-se




Despiu-se, na ausência de um poema
Que tarda, será que vem? Não sei.
Sente as palavras como um dilema
Existo! Quantas folhas já rasguei...

E a ponta da caneta que não chora
E o mar que vem e não chega,
E eu? Vontade de ir embora...
Mas fico, preso a esta alma cega

Eu me entendo, como a pedra do rio
Que não vai, fica, e se lapida
Com o passar da água, do tempo frio.
Fica mais lisa, preciosa, mais vivida

Nem a folha branca me atrai
Poeta aéreo, que pensa, pensa
Mas lá vem o dilema, e não sai
Ate para mim é um ofensa

E me desculpem este poema
Que a ferros foi rasgado
E o conteúdo, o mote, o tema?
Não sei, foi assim, tudo inventado




Há mais em mim, que não vejo
algo que me fala cá dentro
que no fundo é o que almejo
esse meu autêntico centro

Mas sou o que vejo e sinto
mente que não pára de comer
e me apego e me minto
ilusão que me veste sem saber

e depois quero-me novamente
salto, pulo, quero uma mão
que me faça ser presente
que me afaste deste não

E assim, saber ver-me a mim
como eu sinto que sou
ser o meu próprio jardim
onde ao estar sei que estou

sábado, fevereiro 24, 2018

Só por hoje




Hoje de mim falo, pouco
porque de mim nada sei
nem o pouco que falo
eu talvez o serei,
mas de certeza que sou
um pouco de um presente
que agora, só por hoje
sou o que sou, simplesmente

terça-feira, fevereiro 20, 2018

Amar



amar
sem porquês ou porque não
sem perguntas ou respostas
sem qualquer condição

amar
onde nem sequer imaginar
quando não conseguir mais
na hora em que mais precisar

amar
porque é condição humana
porque é tudo o que tenho 
porque é o meu nirvana

amar
é a minha força motriz
é minha alma aprendendo,
amor, ainda sou um aprendiz

Eu e a minha sombra



Como eu te esqueci de repente
sem olhar para os lados
seguir caminho ir em frente
com os momentos todos guardados

e fui respirar outro ar
outro sol me iluminou
só parei para ver o mar
só olhei quando o vento me tocou

e no meio de um nada silencioso
me deitei e sem um abraço adormeci
estranho o momento mas grandioso
o poder adormecer, estar sem ti

nada de nada ouso neste momento
eu e a minha sombra por companhia
o resto virá com o mar e o vento
todos os meus sonhos virão um dia