Saudade

Saudade rasga quem sou

Se entranha na minha fragilidade

E me devora por dentro

E enfraquece a minha vontade

Se é saudade vai passar

Mas tempo não anda, só recua

Te agarra e com força te puxa

E te deixa ali, sozinho na rua

Saudade faz parte do tempo

E eu sem tempo a perder

Agarro o tempo no momento

Faço não deixo acontecer

           

Tempo não para

Bate as horas na Igreja

Diz que o tempo não pára

Passa sem que o veja

E ele em mim não repara

Passa em ritmo apressado

De segundo em segundo

Moldando o meu passado

Construindo um eu profundo

A cada ano que passa

Mais aprendo e sei de mim

Ele passa e me abraça

Juntos vamos até ao fim

E no fim eu me despeço

Deste tempo que não pára

Serei um novo começo

Mesmo tempo, outra cara

Do infinito

Sou vida que eternamente

se prolonga em infinito aberto

sou corpo, alma mente

espírito sem espaço ou tempo certo

sou mais do que sei

mais do que dizem os sentidos

faço parte do universo onde andei

durante anos luz perdido

mas esta viagem não acabou

nem vai acabar tão cedo

depois de mim eu vou

andar pelo universo em segredo

Lá

Lá, onde o pensamento

Se afasta da razão

Lá, onde me invento

Sem ouvir a emoção

Lá, onde me escondo

E me esqueço quem sou

Lá, onde me afundo

Sem saber onde vou

Lá, onde o infinito

É mais perto que o amor

Lá, onde o meu grito

Se confunde com a dor

Lá, onde estou algemado

Sem poder fugir de mim

Lá, onde o meu outro lado

Me prende num sem-fim

Amigo

Hoje alguém me olhou
sorriu e me deu a mão
perguntou, sabes quem sou
na tua vida sou o refrão

sou o calor que te envolve
a luz do teu caminho
a energia que te move
a mão quando estás sozinho

mesmo longe, estou sempre a mão
quando vou, deixo contigo
um abraço um sorriso

meu nome vem do coração
sou quem chamas de amigo
que podes chamar, se for preciso

Fim do dia

Na linha do horizonte descanso o dia

 paro por um instante e respiro o mar

lentamente a soprar  a brisa se encosta

em meu rosto e me diz a sussurrar

Ouve o cantar das sereias, suas vozes

de encantar, te levam pela margem

ao teu grito de liberdade, escondido

entre os teus receios que são coragem

houve o que tens a dizer, sem ecos

que te queiram palavras emprestar,

que sejas ondas de um mar revolto

que rebenta ... e na praia vai descansar

Dois para um ...

Para o dar tenho que o receber

Sempre que te vejo por ele espero

No meio fica sempre a bater

Algo verdadeiro e sincero

Posso não conhecer quem o dá
Mas que venha forte e sorrindo
Que em meus braços caberá
Em meu peito será bem vindo

É bom ter um quando a tristeza
Bater a porta e quiser entrar
Porque ele vai com certeza
Deixar à porta a tristeza ficar

Já muitos o deram sem querer
E o receberam na mesma hora
Mas ficam com a sensação de o ter
Mesmo depois de ele ir embora