sábado, outubro 29, 2011

Será tarde demais?




Ontem foi tarde demais
Não dei pela tua existência
Hoje ao olhar não te vi mais
E senti a tua ausência

Procuravas o meu olhar
E eu olhava sem te ver
E agora ao te procurar
No vazio me vou perder

Via o teu rosto molhado
Afinal, eram lágrimas a cair
E eu ali deitado a teu lado
Não sentia o teu partir

Agora que a porta se fechou
Tento abrir nesgas de luz
Que o meu abraço tapou
E me pregou na cruz

segunda-feira, outubro 17, 2011

O nosso estado




Com passos de magia
Esta é uma crise que dura
Viveremos o nosso dia a dia
Com alguma amargura

Lá do alto vão apertando
Com voz mansa e aspecto frio
Mas entretanto vão amealhando
Antes que o cofre fique vazio

Portugal, árvore vistosa
Cada politico é um sim
Não á fruta saborosa
Mas a buracos sem fim

Esta crise demonstrou
O que têm sido afinal
Cada um para si levou
Parte de um nosso total

Agora todos reclamam
Menos o que foi honesto
Esses sempre viveram
Com o seu salário modesto

sábado, outubro 15, 2011

Flor que és tu




entre o por do sol e a lua
cresce a flor que vi nascer
eu a plantei mas ela é tua
a reguei para te oferecer

tem a cor de um beijo
o perfume do teu olhar
nas pétalas teu rosto vejo
nas folhas o teu abraçar

será uma rosa, ou malmequer
ou uma simples flor selvagem
o que eu te posso dizer
é que foi feita á tua imagem

e se um dia eu sentir
saudades do teu amar
no jardim vou dormir
para poder contigo sonhar

quinta-feira, outubro 13, 2011

Desejos antigos




Na vertente íngreme de um sonho
ouso alcançar o teu sereno andar
e em cada passo, eu componho
 baladas, que o vento te fazem chegar

são setas de palavras sentidas
ecos repetidos em noites escuras 
que no silencio pensava perdidas
 bem longe destas minhas fantasias

são sonhos de vontades antigas
que o tempo cobriu de saudade
e que a luz do luar nas noites frias
reacendeu a centelha dessa amizade

quarta-feira, outubro 05, 2011

Talvez um dia





poderia um dia talvez
sair de mim sem ter,
estes pasmos de timidez
e sem espelhos me ver

entre ecos repetidos
me escutar, e sem porquês
seguir com os olhos feridos
as palavras que não lês

serão nuances de um interior
que o tempo demora a pintar
ou é a cor de um sonhador
que sem uso se vai secar

talvez esse distante dia
esteja ao dobrar a esquina
ali onde eu coloca a poesia
a beira daquela ravina

terça-feira, outubro 04, 2011

Imagem de mim



Sou uma imagem de mim
que procura um refugio
sigo essa luz sem fim
de uma vela sem pavio

vou a este mar procurar
o que na sua praia deixei
eu acabei por la ficar
quando do areal me levantei

deste meu corpo ando perto
sem conseguir nele entrar
se parece com um deserto
sem pontes para o atravessar

entre mim e quem eu sou
a distancia é um poema
e em cada quadra eu vou
encurtar esse dilema

este poema escrevi no mar
em noite de lua cheia
ele vai, mas ao regressar
venha na boca de uma sereia